O grupo Hamas afirmou nesta sexta-feira, 18 de outubro, que os reféns mantidos na Faixa de Gaza só serão libertados após o fim da ofensiva de Israel, apesar da morte de seu novo líder, Yahya Sinwar, nesta quinta-feira, 17, em uma operação israelense no sul do enclave.
O grupo terrorista disse que a morte de Sinwar "fortaleceria" o movimento e que os reféns mantidos no território palestino não seriam libertados até “o fim da agressão contra Gaza". A ala militar do grupo afirmou que a luta continuaria "até a libertação da Palestina".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia dito nesta quinta-feira, 17, que a morte do líder do Hamas marcava o "começo do fim" da guerra em Gaza. Vários líderes ocidentais interpretaram a declaração como o início de uma negociação de cessar-fogo.
Para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a morte do líder do Hamas criava a oportunidade para a paz no Oriente Médio e um "futuro melhor para Gaza, sem o Hamas".
Com esta morte "abre-se a perspectiva" de um cessar-fogo em Gaza e de um "acordo sobre a libertação de reféns", disse o chanceler alemão Olaf Scholz, ao receber Biden em Berlim.
Mas o chefe do Estado-Maior do Exército israelense, general Herzi Halevi, garantiu que a guerra continuaria até a captura de todos os autores do ataque e o retorno de "todos os reféns" mantidos em Gaza.
Esperança e resignação
"Agora que Sinwar foi morto, esperamos que a guerra acabe. Eles não têm motivos para continuar esse genocídio", disse Ali Chameli, que vive em Gaza. "A guerra não acabou e os assassinatos continuam", ressaltou Jemaa Abou Mendi, que também vive no território.
Em Israel, o Fórum das Famílias, a principal associação de parentes de reféns, pediu o retorno dos israelenses que continuam no cativeiro. Das 251 pessoas sequestradas em 7 de outubro de 2023, 97 ainda estão sendo mantidas como reféns em Gaza e 34 foram declaradas mortas pelo Exército.
O ataque resultou na morte de 1.206 pessoas em Israel, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais, incluindo reféns que morreram em cativeiro.
Hezbollah acelera guerra com Israel
A morte de Sinwar ocorre em meio ao aumento da tensão no Oriente Médio, onde Israel entrou em guerra com o Hezbollah no final de setembro e prometeu responder ao ataque de mísseis do Irã em seu território em 1º de outubro.
Para Teerã, Yahya Sinwar continua sendo uma "fonte de inspiração" no Oriente Médio. "Gaza e a causa palestina triunfarão", disseram os rebeldes houthis do Iêmen. Já o Hezbollah disse que continuaria a "apoiar" os palestinos.
Após um ano de combates na fronteira, Israel vem realizando operações terrestres precisas e estratégicas, visando apenas comandos militares importantes do grupo terrorista no sul do Líbano, desde 30 de setembro, além de ataques aéreos.
Israel diz que quer permitir o retorno ao norte de seu território de cerca de 60 mil pessoas deslocadas no ano passado pelo lançamento de foguetes do Hezbollah.
O Exército anunciou na sexta-feira que novos reforços estavam sendo mobilizados nesta região. Na noite de quinta-feira, o movimento islâmico libanês anunciou que estava "acelerando" sua guerra com Israel, e afirmou ter usado mísseis teleguiados de precisão pela primeira vez para atingir soldados israelenses.
O Hezbollah reivindicou na sexta-feira a responsabilidade por ataques ao norte de Israel e contra soldados israelenses perto de duas aldeias e da cidade de Safed, no norte.
Pelo menos 1.418 pessoas foram mortas no Líbano desde o início dos bombardeios israelenses contra o Hezbollah em 23 de setembro, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. A ONU contabilizou cerca de 700.000 pessoas deslocadas.
Os rebeldes huthis do Iêmen prestaram homenagem nesta sexta-feira ao líder do Hamas e prometeram que "Gaza e a causa palestina triunfarão, independentemente do tamanho dos sacrifícios". Também nesta sexta, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que Sinwar continua sendo uma "fonte de inspiração" para aqueles que lutam contra Israel.
Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza mais de 42.500 palestinos morreram desde o início da guerra, há mais de um ano.
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