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Em evento promovido pelo banco UBS, em Washington, Campos Neto diz que expectativas de inflação desancoradas e o patamar atual dos prêmios de risco do país preocupam muito o Banco Central

As expectativas de inflação desancoradas e o patamar atual dos prêmios de risco do país preocupam muito a autoridade monetária, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira, 23 de outubro.

 

 

Em evento promovido pelo banco UBS em Washington, Campos Neto disse que números recentes de inflação foram um pouco melhores que o esperado, ponderando que "todo o resto das variáveis que apontam para o futuro" está piorando, ao citar leituras de inflação implícita, curva longa de juros, prêmio de risco, projeção de inflação e balanço de riscos para os preços.


"Quando você vê a inflação desancorando e você o prêmio de risco onde está hoje, é um sinal que nos preocupa muito, nós expressamos isso e precisamos endereçar isso", disse no evento, que aconteceu às margens das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial.

 

"Temos que fazer a inflação convergir para a meta, esse é o nosso mandato, e explicar como vamos fazer isso. Entendemos que às vezes, no curto prazo, temos que adaptar a linguagem, mas esse é o nosso foco e nossa missão."

 

Nesta quarta, as taxas futuras de juros tiveram alta firme e se aproximaram de 13% em vários vencimentos, com a curva a termo reagindo ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e às preocupações em torno do equilíbrio fiscal no Brasil.

 

Campos Neto afirmou que a análise das variáveis citadas explica por que o BC decidiu fazer o movimento de subida de juros. Ele ponderou que a decisão de um início de ciclo gradual foi motivada pela incerteza no cenário.


"Decidimos não dar um 'guidance' (orientação futura) porque achamos que neste momento não haveria um valor positivo e poderíamos ter que mudar o guidance e gerar mais dano do que benefícios, mas a mensagem é que vamos trabalhar para atingir a meta", acrescentou.

 

O BC reiniciou um ciclo de alta na taxa básica de juros em setembro, quando elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, citando preocupações com atividade resiliente, mercado de trabalho apertado e piora em expectativas para a inflação.

 

Na reunião do UBS, Campos Neto disse não achar adequado questionar a meta de inflação, atualmente em 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual.

 

Ele ainda afirmou estar dedicado em fazer da melhor maneira a transição com o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência da autarquia em 2025, e argumentou ser importante colocar a autoridade monetária acima da política.


Campos Neto ainda disse que o tema das contas públicas é importante para o BC porque a harmonia entre as políticas fiscal e monetária permite ao país conviver com juros mais baixos de forma estrutural.

 

Ele acrescentou não considerar que haja no momento qualquer elemento que mostre dominância fiscal no Brasil -- situação na qual o descontrole das contas pública leva a uma perda de efeito da política monetária e comprometimento ainda maior das contas públicas.

 

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