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Comitê de Política Monetária do Banco Central aumenta taxa selic em 0,5 ponto percentual, elevando a 11,25%, juros disparam e descontrole fiscal do Governo Lula eleva e compromete em riscos, a meta fiscal

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu pelo aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, levando a Selic a 11,25% ao ano, voltando ao patamar vigente entre fevereiro e março deste ano. A decisão veio em linha com a expectativa do mercado e marca a segunda alta seguida na taxa de juros. Em setembro, o Comitê passou a taxa de 10,50% para 10,75%.

 

 

Esta foi a penúltima reunião do Copom com Campos Neto na presidência do BC. A partir de janeiro, deve assumir o cargo o atual diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo. Ele foi indicado pelo presidente Lula e foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, após sabatina de 4 horas.

 

O sobe e desce da Selic


A Selic ficou em 13,75% entre agosto de 2022 e julho de 2023. A partir de então, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. No encontro de maio, repercutiu a divergência sobre os rumos da taxa entre os membros do Comitê.

 

De acordo com o comunicado, a decisão pelo corte de 0,25 p.p. foi apoiada pelo presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Indicados por Lula, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução maior, de 0,50 ponto percentual. Apesar da divergência, o comunicado informou que o Comitê, unanimemente, “avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela”.

 

E nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano.

 

Por que os juros voltaram a subir?


Os motivos que fazem o Banco Central elevar os juros em uma magnitude maior do que a reunião anterior são, basicamente, dois: desancoragem das expectativas de inflação e risco fiscal.

 

Conforme a última edição do Boletim Focus, a projeção do mercado para inflação de 2024 subiu ainda mais além do teto da meta para o IPCA, de 4,55% para 4,59%. O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.


Sobre o fiscal, as sinalizações recentes do governo tem piorado expectativas de mercado sobre o controle da dívida pública, ocasionando uma pressão no câmbio, que saiu de R$ 5,45 na última reunião do Copom para quase R$ 5,90 nos últimos dias – o que também impacta na inflação, dado que há uma série de produtos da cadeia de suprimentos que são dolarizados, além dos importados e de itens como passagens aéreas.

 

Além disso, há um ceticismo sobre a manutenção da regra vigente, o chamado arcabouço fiscal.

 

“Tem um ponto muito relevante que o BC olha atentamente que é a sobrevivência do arcabouço. Isso não para este ano, mas para os próximos. Acredito que teremos o cumprimento da banda inferior da meta em 2024, mas se continuarmos com esse nível de crescimento de gastos vamos ver uma dificuldade maior do cumprimento das metas de 2025. Isso precisa ser equacionado”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

 

“Além disso, o que preocupa é o crescimento da dívida, que deve continuar nos próximos anos. O governo precisa apresentar medidas, sejam elas PECs ou não, para estruturar melhor o fiscal e garantir uma previsibilidade das despesas”, acrescenta. A projeção da Suno é que a Selic feche o ciclo em 12% no primeiro trimestre de 2025, abrindo espaço para cortes no fim do ano em questão.

 

O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou que considera necessária uma mudança na parte fiscal para que os ajustes na política monetária sejam mais tênues. “Se tivermos um choque fiscal muito grande, provavelmente conseguiremos sair com taxas mais baixas”, afirmou o presidente do BC no fim de outubro.

 

A decisão do Copom desta quarta ocorre em meio a expectativa do anúncio de medidas fiscais por parte do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as medidas de contenção de gastos públicos estão “muito avançadas” e afirmou acreditar ser possível apresentar as iniciativas ainda nesta semana.

 

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